terça-feira, 19 de outubro de 2010

Angústia de correr

Alguns me deixam, outros me abandonam, todos se vão, a verdade é que, às vezes, fico sozinho para pensar. Daí, tento pensar em mim, mas descubro que não quero pensar em nada, lembrar das coisas nem pensar, fazer planos pra que? Olhar para o outro? Por que razão? Então a única certeza é que estou em confusão. Não quero mais pensar, aí avisto um longo caminho, uma imensa amplidão e nada mais desejo ao não ser correr, correr, correr e correr. Não me pergunte ‘por que’, ainda não descobri - e quando descobrir? Não sei, talvez eu lhe conte... Mas, por enquanto, prefiro correr. De que? Não sei, mas não me atrapalhe. Corro mais de mim do que de qualquer outra pessoa, corro das escolhas e daquelas que nem tive oportunidade de fazer; mais rápido corro das visíveis frustrações e das realizações; corro de minhas omissões e das minhas intromissões; chega uma hora que canso, não mais agüento de fadiga, de sede, de flagelo. Como um bom corredor, ou como um desesperado que correu e depois de tanto correr ao longe olha pra trás e percebe que de tanto se esforçar não correu nada. Percebi que quanto mais corro, mais dentro de mim estou... Quanto mais de mim fujo, mais pegado sou a mim, quanto mais distante estou de mim, mais perto chego de minha profundidade, essa é a angústia de um corredor que detém um horizonte dentro de si mesmo. Ainda assim, ás vezes teimo em correr. 
Essa é um pouco de minha história. Prazer! Eu sou Jonas.
(Lucas Nascimento)