quarta-feira, 18 de maio de 2011

"(...) incompetente para a vida. Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. Só vagamente tomava conhecimento da espécie de ausência que tinha de si mesma. Se fosse criatura que se exprime diria: 'o mundo é fora de mim, eu sou fora do mundo.'"



(A Hora da Estrela - Clarice Lispector)
                                                "Eu sofro de mimfobia,
tenho medo de mim mesmo.
Mas me enfrento todo dia."



Millôr Fernandes

O belo precisa voltar...



                                                            ''Voz que clama no deserto...
O belo precisa voltar
Por tempos aparecido
Hoje esquecido, abandonado...
Voz que clama no deserto...
A um milênio de distância
O deserto está vazio
Fugiram no êxito téc.
Voz que clama no deserto...

Téc. téc. Tic-tac.
Tu és coisa, é engrenagem
Saber, nem sempre é poder
 
Voz que clama no deserto...
O belo precisa voltar
Mesmo depois de rebaixado
Quero vos apreciar

Voz que clama no deserto...
A verdade revelada
Mas o que é a verdade?
Tua expressão também o é
Estou ficando rouco
Dizem que estou louco
Mas não me canso de gritar
O belo precisa voltar''








Inspiração respira ação

 Faz muito tempo que eu não escrevo nada deve ter sido porque a preguiça ficou ligada ou talvez a minha inspiração tenha ido embora.
Muitos dizem que é impossível a inspiração de um verdadeiro poeta sumir. Eu discordo, a inspiração pode sumir por dias, semanas, meses, anos á fio... Porém o poeta a trás de volta rapidamente se voltar a buscar nas miudezas dos detalhes em que vive
Quando a inspiração vem à tona, ela vem de uma forma mais linda, madura e nutritiva. É um tipo de dádiva que volta a vasculhar o âmago do nosso ser, nos faz ir ao porão da intimidade de mãos dadas sem medo do que se pode encontrar lá. Ela incendeia o cerne do espírito e faz a nossa alma fervilhar e desperta os devaneios mais loucos.
A inspiração de um poeta ajuda conhecer os outros e a si mesmo. Mesmo que não dominemos os assuntos mais polêmicos e acadêmicos do mundo, porém se tivermos inspiração temos o mundo aos nossos pés e iremos além das pessoas consideradas mais ‘’cultas’’.
Esses engenhos precisam morrer e reviver sempre em nossas memórias. Ter sempre inspiração nas palavras úmidas, inspiração nas palavras secas, inspiração na natureza, inspiração nos casais apaixonadas, inspiração na vivência, inspiração no amor, inspiração nos jeitos, trejeitos, conceitos e preconceitos daqueles que nos fazem bem e mal.
                                Inspiração hoje respira ação, coesão que dá razão a qualquer existência da palavra.
(Inverno de 2011 a minha inspiração voltou a ramificar e com ela fui/vou viver as estações;)