quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ocioso.


 Nada de sonhos hoje, nada de revolução mental, nada de papos intelectuais. O tédio não me permite tanto. 
Eu deito-me sozinha e enterro a minha cabeça no travesseiro a tristeza-tédio invade meus olhos, mas sinto-me forte demais pra choramingar, apesar do disfarce muitas coisas doem e hoje me sinto abandonada sem nenhum ombro ‘’amigo’’ que me queira deixar chorar as minhas pitangas (que por sinal estão bem maduras).  A minha maneira de chorar é diferente. Eu choro com o sorriso bem maquiado ou com meu silêncio, choro com os meus olhares de águia em busca de alimento. Choro o tempo todo mais ninguém nota
Todos querem que eu seja um soldado. Que eu esteja sempre pronta. Na direção correta. Obedecendo as ordens. Mas eu sempre me extravio e sou expulsa do quartel.
Hoje me embriago com o tédio. E meus pensamentos ficam turvos demais.  Vejo a minha poesia me olhando desdenhosa. Os machucados que eu não posso segurar deslizam na ponta da faca. Acho que tenho deixado a mentira me consumir e dizer que todos os dias eu morro um pouco mais e vou ficando cada vez mais craque em ressurreição.  O meu jardim de acácias nesse dia tedioso se transformou em um redemoinho de surtos e dúvidas.
Olho pra mim e vejo quão longe estou do amor. Nesse instante o barco dos meus pensamentos tediosos veio me buscar e me levam cada vez mais  perto  das minhas mortes diárias. Perto do meu desgosto. Perto de um lugar que não tem amor, apenas uma espécie de tortura  de mim mesmo. 
Tenho tentado colocar meus pés no chão e procurando uma pista de pouso na minha vida real. Amanheci velha. Minhas roupas de heroína não cabem mais em mim. Levante-me do chão. Eu tenho sentido saudades daquelas fundas que secam as pessoas. O inverno chegou meu Deus e agora?As palavras se congelaram em meus lábios, antes que eu pudesse pedir para que você ficasse. Meu coração tem estado tão duro e sujo. Faz tanto frio aqui dentro que não sinto mais as extremidades do meu corpo. Sem perceber o que fazia, aproximei-me de ti e estendi minhas mãos até estar perto o suficiente para poder tocá-lo. Não consegui. Estou petrificada. Olhe nos meus olhos Pai. Passa um trailer de nós aqui dentro. Por mais que eu me esforce só consigo lembrar-se de mim, ainda criança quando tudo era menos difícil. Pois nesses momentos horríveis me cura de ser ‘’’Grande Senhor’’. Quero continuar sendo sua garotinha que sempre corria pra ti quando as coisas davam errado. Eu não posso te ver, mas sinto a tua presença neste momento. Prometa Pai, que se eu desistir de mim agora, o Senhor vai me aquecer. Vai derreter este iceberg e transformá-lo em uma onda grande para que nós possamos surfar. 
O inverno que gela a alma bateu na minha porta, e a nossa primavera parece bem distante. Tenho tentado me agarrar em qualquer fagulha de esperança, mas tem sido tudo muito difícil. E mais uma vez eu fico aqui estática sentindo os ventos fortes do furacão que eu mesma criei. Ociosamente esperando que as coisas mudem sozinhas.(Michelle Souza de Jesus )




.