terça-feira, 23 de agosto de 2011

Até o sol se pôr...

Olhando no céu vasto observei a bola de fogo indo para casa, as cores alaranjadas e azuis cor de sossego se misturando e fazendo com maestria o seu trabalho. As arvores com seus sombreiros, o vento, os pássaros indo para casa me anestesiavam. Meus olhos naquele momento captavam e fotografavam tudo  de mais maravilhoso que eu tinha visto,minhas cores velhas e desbotadas sobrepondo as cores novas daquele dia,vi o dia envelhecer e pensei que Deus poderia estar sentado em cima de alguma arvore ou do planeta dele observando as lindezas que ele mesmo criou ,coisas que superavam aquele por do sol jamais contemplado pelos meus olhos,mas ouvi um doce sussurro no meu coração onde ele me disse :’’As coisas fantásticas nos surpreendem por algum tempo ,mas as coisas simples como essa que você está olhando permanecem guardadas e filtradas no seu coração em frações de momentos eternos.Eu estou observando e contemplando a mesma simplicidade que você . ‘’
Sorri macio e venerei o meu momento de poeta e fui entendendo a diferença entre o fantástico e o simples.
Fui imaginando Deus como um roceiro com dentes a mais no sorriso, com sua casinha de João de barro, um cômodo só, mas ensinando a guardar todo amor que havia nele, todo amor compartilhado, recebido, sentido e exposto.
Cheirinho de café feito no fogo a lenha, bolo de milho, luz do alqueire, sentados no baquinho de madeira da porta de casa e discorrendo sobre o que realmente importava na vida. Deus recebia com simplicidade e amor os parentes distantes que fugiam do caos da cidade. Pessoas como eu que para se sentirem menos sós queriam sentir a intensidade da simplicidade e ver a promoção de lembranças que ela trazia ,por isso a visita de parentes distantes era comum onde mora a simplicidade. Buscava aquele senhor Deus como um refúgio, um alivio mental, uma residência de calmaria.
Cabelos ao vento, nada de maquiagem social ou física, roupas leves, cores vivas, pasto verde. Sentia-me no seio da simplicidade, a luz do sol batia nos meus olhos, até então pensava que a cor deles era preta, mas descobri que quando a luz  batia nas minhas pupilas elas se transformavam e um oceano castanho. Pensei o quanto a minha vida se refletia na cor definida das minhas pupilas, o quanto a negritude da minha vida, poderia se transformar em clarão se eu encontrasse o verdadeiro amor que me faz ser verdadeiro.
O lugar aonde o arquiteto do tempo mora me deixava cada dia mais embasbacada, o sorriso com seus dentes a mais me faziam sorri com a comida saltitante pulando da boca, me agasalhava na simplicidade que ele vivia, me balançava na rede do tempo, dançava na dança da vida, e tricotava meus dias com sabedoria e leveza do ser.  
A essência que eu me recostava estava contida na simplicidade em que se vivem os dias, os anos, os meses e o fio do tempo. Nasci com uma essência, a movi para que tomasse as rédeas da minha vida, não a sufoquei. Deixei-a livre para transitar onde fosse necessário e assim fui vivendo minha’’tecelã imprevisível’’.