terça-feira, 26 de abril de 2011

Sonhei e ainda sonho.




Agora mesmo tive um sonho. Sonhei, e ainda sonho, talvez sonho acordado, talvez sonho pensando, talvez sonho vivenciando o meu sonho. Sonho com a liberdade, não uma liberdade que me faz praticar coisas vazias de sentido, em formas vazias de viver, influenciado por pessoas cheias de vazios. Já rejeitei a liberdade que me prende na busca desvairada pela felicidade, porque essa busca é o ópio da humanidade. Sonhei e ainda sonho, por isso, aposto numa liberdade que me impulsiona a servir, não servir o meu pior, mas o meu melhor, não o melhor que faço, mas o melhor que sou. Acredito na liberdade liberta do egoísmo do Eu, vivendo a completude do Nós. Na verdade, na verdade, desejo intensamente a Liberdade que me põe defronte do Ideal que transcende a própria vida.
   Sonhei, e ainda sonho, com a Vida, não a que todos dizem que devo viver, porque agradá-los, talvez seja usar a chave do fracasso e prender a liberdade de viver. Já rejeitei a vida centrada no Sucesso, conquista esta que enche os olhos, mas esvazia o coração, presenteia o ego, mas rouba-lhe a Liberdade, ganha o mundo, mas perde a alma. Luto contra a vida que tem desesperado medo da morte, porque quem tem desesperado medo dela, não conhece verdadeiramente a Vida. Compreendo que só quem tem Vida antes da morte, poderá desfrutar da Vida após a morte. Sonhei e ainda sonho, em não mais viver a vida como se ela fosse para o amanhã, mas para o agora, um agora que não esteja ancorado num passado, nem num presente, nem, muito menos, num futuro, um agora, ancorado num Propósito Eterno. Deixo de viver uma vida aflita por fugir loucamente das adversidades, da dor, dos infortúnios, porque quem não sabe lidar com isso, nunca será capaz de aprender a viver, e quem não aprende a viver é um eterno escravo desta vida.      Aprendo que a verdadeira Sabedoria nos liberta por ensinar a conviver com esses momentos angustiantes com muita Vida. Acredito que não se aprende a viver comprando fórmulas de sabedoria, até porque, a genuína Sabedoria não se vende, se dá de graça, mas só encontra verdadeiramente o seu Dono quem encontra a Vida, e talvez, o seu Dono seja a própria Vida.
Sonhei, e ainda sonho, com a Verdade, não uma verdade que hoje é, amanha já não é mais, essa verdade é destituída de Sentido, essa verdade é vazia de verdade, essa verdade nos ilude com a mentira, uma mentira sempre se utiliza de outras para se disfarçar de verdade, talvez seja por isso, que nos iludimos com a verdade-mentira, ou com a mentira-verdade? Mas sei que muitas verdades são relativas, e devemos utilizá-las, não amá-las. Já parei de viver tentando descobrir caminhos na vida para encontrar a Verdade, também, já parei de viver buscando o caminho da verdade para encontrar a vida, porque a verdade está no caminho, no caminho já está a própria vida cheia de verdade. Descobri que o homem cria suas verdades para esconder as mentiras da alma. Por isso, acredito na verdade que cria o homem dotado de alma.
Sonhei, e ainda sonho, com o Amor, não o amor que todos dizem ter, não o amor enganado pela paixão do momento, porque só sabe o que é um verdadeiro amor quem já experimentou o tempo do perdão. Não acredito no amor que não se entrega, porque quem não se entrega não experimentou o que é amar. Não acredito num amor que não vê os defeitos, mas que os vendo, prefere valorizar as qualidades. Não acredito no amor que não sofre, amor que não sofre é semente que não nasce, semente que não nasce não tem raiz, é só paixão. Mas, também não acredito num amor que não faz loucuras pela pessoa amada, acredito num amor apaixonado, contudo que não deixe de ser amor. Aposto no amor que transforma, amor que não transforma é planta que não cresce, amor que não se transforma morre. Sonho com um amor que viva a completude das diferenças. Mas não concordo com o amor que não cede em nome da diferença. Não me iludo com o amor em nome de uma religiosidade, porque esse amor é muito circunstancial. Acredito no amor que ás vezes é incompreendido, mas a tudo suporta, tudo espera... Acredito num amor que vai além do “eu te amo”, pois amar é mais que um verbo a ser conjugado por um eu, é uma vida a ser entregue por nós...
Sonhei, e ainda sonho com o tempo, não um tempo que cura as feridas da alma, porque o tempo não é um santo remédio, no máximo ele adormece a alma ferida ou a ferida da alma... Ou, o tempo é só tempo? Sonho com o tempo que aponta o verdadeiro remédio para as chagas. Sonho com o tempo que o relógio pare para ver a humanidade viver... Não um tempo que não espera por ninguém, não um tempo que é tudo ao mesmo tempo, não um tempo que passa por dinheiro; espero um tempo que nos possibilite desfrutarmos as estações, um tempo que me faça compreender que há tempo para tudo. Não sei se não acredito no tempo que não foi feito para o homem, ou se não acredito no homem que diz ter feito o tempo para si. Entretanto, sonho que novos tempos virão onde viverei plenamente os meus sonhos...
Sonhei, e ainda sonho, que a eternidade pode começar aqui, mas não é aqui... Bem como o inferno. Minha compreensão não me deixa crer que faz-se eternidade vivendo a intensidade de um segundo, isso é ilusão. Contra-argumento que o eterno jamais será provisório, mas o provisório pode apontar para o eterno. Não sonho com a pobreza, mas já não mais espero a riqueza para ser feliz. Não vivo exclusivamente para meus amigos, mas sem amigos não sei o que o mundo seria. Descubro que a religiosidade é vã, quero me afastar dela cada vez mais, mas não deixo meu Cristo por nada nesta vida, nem sob pena de morte. Se me dissessem: “Cristo não existe”. Eu diria: “vai-te existência porque eu quero é Cristo!”. Sonhei e ainda sonho, porque não quero mais viver nesta terra se eu não viver para expressar tudo isso para quem eu puder... Porque não fui criado para ser egoísta, nem muito menos ser infeliz... Sonho com muito mais, isso só é o começo do meu sonho... Porque quem não sonha já morreu; sonhar é ter Esperança... Então, vivamos a Esperança de Plenos Sonhos.
Lucas Nascimento.






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