sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Frutos de uma imaginação febril.





Noite da cor da ansiedade e da frustração, tantos pensamentos soltos que nunca vão se traduzir em meras palavras. Tento escrever alguma coisa que faça acordar os homens e mexer ainda mais com a imaginação das crianças. Ouço uma frase recuar no meu interior: ‘’ São tempos difíceis para os sonhadores’’ Fecho os olhos e respiro com alivio por não ter desistido de sonhar e de acreditar nos meus pensamentos utópicos.
Observo a lua nascer e vejo-a sorrindo para mim de um modo meio ameno, ligo a televisão e vejo as noticias nos jornais, preciso de uma bacia para aparar o sangue que jorra da televisão, vejo uma maratona de corredores ‘’anormais’’, uma maratona que invés de atletas, correm paraplégicos de coração, presidiários , grávidas que enfrentam o mundo com sua barriga e a coragem incumbida,cegos,gauches e infidos corredores aflitos , correm atrás do vento e vão enchendo o peito murcho de vazio.
Bem que disseram que as coisas pequenas e simples não são noticiadas em jornais. Penso no seu João lá do Piauí que empilhou muito mais que concreto e segurou colocou a mão na boca para cobrir a falta de dentes,mas mesmo assim não perdeu a pose do melhor sorriso ao ver o seu sonho realizado, e na dona Joana que ama José que merece muito mais que uma bicicleta com pneu careca, e em uma criança que fez o seu primeiro rabisco e veio para casa com um brilho diferente nos olhos. Ou o pai que teve seu filho pródigo nos braços de novo, pessoas recostando sua cabeça nos braços da serenidade e repousando suavemente. Cada toque que é sentido de uma maneira única, uma vida entrelaçada com outra vida, corações batendo palmas venerando o momento de contemplação do momento. Sinfonias desafinadas tocando com maestria, vidas dispensando palavras e que vão continuar se ouvindo pelos olhares infinitos, ainda que isso não passe em programa de televisão nenhum.
Pessoas como eu saem do útero materno e são jogadas no útero gélido social, muitos como eu são abortados, só porque buscam a razão de subsistir.
Sei de todas as coisas que movem o capitalismo, sei das coisas que falharam no socialismo, sei dos problemas sociais, das criançinhas que tiveram seus sonhos coloridos destruídos, a falta de pão, mas a presença de muito circo, a fome de abraços, a falta de dinheiro, a falta dos construtores de pensamentos. O vicio engolindo o amor, o lugar da fraternidade sendo usurpado pela maldade e infindas coisas que sobrepõe às coisas que realmente valem à pena.
O tempo da repressão física ‘’acabou’’, mas e o tempo da repressão mental começou?
Somos bombardeados a todo estante por isso tipo de repressão mental e pelo costume do comodismo a nossa mente não dá um sinal de alarde. Limitação do menor, Velhos que não viveram o que tinham que viver repetem para os mais moços: Vidas medíocres, vil como um cão , nunca chegaram aonde almejam pela meninice, tenho maturidade, já vivi muito nessa vida, e se você for por esse caminho as lamurias serão iguais as minhas.
Pais repetem para os filhos para desistirem das utopias, abortam os sonhos de grandes homens. Os jovens fazem baderna, exageram nos movimentos hippe’s, nos movimentos cristãos, nos movimentos políticos e às vezes são tratados como escórias, mas todos nós temos nossos momentos de glória ainda que se desvaneça rapidamente. Jovens que sofrem repressão por serem considerados meninos demais ouvem sempre por ai a famosa frase: ’’ Jovens, por favor, envelheçam’’. E eu Digo: Maduros, por favor, parem de construir teorias e suposições como se fossem prédios!
Tanta gente por ai tendo idéias abortadas antes mesmo que sejam ratificadas, tem gente que vive repetindo que não pediu pra nascer e se reprimindo, tem gente que nasce simples, mas se ensoberbece com tanto deslumbre assim e o fio de náilon da vida é cortado antes do previsto. O sistema traga qualquer um que tentar criticar, os céticos acham tudo normal, os poetas escrevem e se revoltam no seu interior, psicólogos estudam o comportamento dos homens, sociólogos sendo confundidos por outra filosofia de mundo, mas no final a resolução de um problema não cabe em uma só mão, pelo comodismo, permanecemos no mesmo lugar.
Quem dera os pensamentos tivessem o poder de mudar alguma coisa, o que nos falta é atitude. Escrevo coisas já pensadas por pessoas mais cultas e intelectuais que eu, leio coisas apreciadas por outros e vou seguindo os meus dias buscando cores novas,resoluções colocando as coisas em ordem para que eu caminhe da melhor forma. Vou tentando tirar todo resquício de sadomasoquismo meu, de autoflagelação, de repugnação e agressão escondida. Quem sabe assim poderei me sentir mais livre de mim, mesmo não tendo nenhuma solução aparente pros problemas conhecidos e citados por todos aqueles que pensam a respeito.
Último gole da noite. Vou bebendo um pouco de silencio e conformismo, meus pés titubeiam e não chegam aonde deveriam. Os frutos da minha imaginação febril não têm sido comestível para muitos ultimamente.( Michelle Souza de Jesus)

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